protetor bucal2A capacidade de melhorar a performance de atletas por meio de dispositivos orais, não é uma ideia nova! Há mais de trinta anos, muitos dentistas reportaram a melhora no desempenho de atletas que usam protetores bucais especialmente desenhados para isso. Em 1977, Dr. John Stenger, o dentista da equipe de futebol americano da Universidade de Notre Dame, publicou um artigo reportando uma correlação estatística entre o aumento da força física e o uso de dispositivos orais que corrigem a posição da mandíbula, fato confirmado pelo Dr. Stephen Smith em 1978 e publicado na New York Sate Dental Journal. Desde então muitos trabalhos foram publicados sobre este tema e muitos avanços foram feitos nessa área. Dr. Harold Gelb e colaboradores descreveram esses achados como “A relação entre a postura da mandibula e a força muscular na odontologia esportiva”, publicado no Journal of Cranio Mandibular Practice em 1996.

Desde então, começaram a aparecer trabalhos científicos mais sérios, com metodologia mais apropriada (estudos randomizados e controlados) e muitas técnicas diferentes para o reposicionamento da mandíbula foram desenvolvidas, normalmente a partir de procedimentos derivados da área que lida com as desordens da articulação temporomandibular – ATM ( a “junta” que fica logo à frente do ouvido e permite a movimentação da mandíbula).

Taekwondo

Atletas de esportes de impacto estão mais sujeitos às lesões nos dentes, maxilares, face e pescoço que podem ser evitados e/ou minimizados com o uso de protetores bucais.

No Taekwondo, os protetores bucais possuem má reputação entre atletas de elite, que acham difíceis de tolerar em termos de comunicação verbal e respiração, inclusive alegando perda de performance por conta do incômodo causado pelo dispositivo dentro da boca.

Em 2009, um grupo de pesquisadores preocupados com esta questão, realizaram um estudo com atletas de elite do Taekwondo para testar se pelo menos os protetores bucais feitos sob medida ( os customizados, que são diferentes daqueles do tipo “ferve-e-morde”) teriam algum tipo de efeito negativo na performance.

Assim, recrutaram 21 atletas que nunca haviam utilizados protetores bucais  customizados e os testaram com e sem o uso do dispositivo para ver se havia alguma piora com o uso dos mesmos. Para isso utilizaram testes de força, como o teste anaeróbico de Wingate, agachamento,  provas de salto,  teste de força das mãos, costas e pernas.

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Estudo publicado na revista Dental Traumatoloy abordando o uso de protetores por atletas de Taekwondo.

Como esperado, o uso do protetor feito sob medida (customizado) não interferiu negativamente em nenhum dos parâmetros testados, no entanto, algo completamente inesperado chamou a atenção: os resultados de alguns testes de força foram melhores COM O USO DO PROTETOR!

Os pesquisadores então observaram que existiam muitas pesquisas ao redor do mundo relatando o mesmo!

E isso considerando que a posição da mordida no protetor bucal, que é o que mais importa para gerar a otimização da performance, foi feia de maneira padrão e sem levar em conta aspectos neuromusculares da mandíbula.

Um outro estudo mais recente,  realizado pela Universidade de New Jersey e publicada no Comparative Exercise Physiology, testou os efeitos de um protetor bucal confeccionado com base na posição neuromuscular da mandíbula comparando com um protetor customizado tradicional (como o utilizado no estudo com os atletas do Taekwondo), por meio de uma metodologia duplo-cega e cruzada, a mais indicada para este tipo de pesquisa. A conclusão dos autores foi a seguinte:

Comparado com um protetor bucal tradicional, um protetor bucal à base de odontologia neuromuscular demonstrou uma melhora no pico de potência e no desempenho e esforços máximos repetidos. Atletas cujo esporte requerem o uso de protetores bucais  podem se beneficiar de  um  projetado com princípios da odontologia neuromuscular em comparação com um protetor bucal personalizado.

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Aqui em Salvador-Ba, tenho um centro de odontologia voltado exclusivamente para neurofisiologia e patologia crânio mandibular, cujos desdobramento vão desde o diagnóstico e tratamento das disfunções da ATM (DTM), que são caracterizadas pelas dores nos músculos da face e articulação da mandíbula, até a ODONTOLOGIA DO ESPORTE onde tais princípios são utilizados para melhorar o posicionamento mandibular de atletas e por consequência as vias aéreas superiores e as relações musculares entre os maxilares e a postura, refletindo justamente na performance esportiva!

Assim, gostaria de convidar os atletas de esportes de luta a conhecer os benefícios que a odontologia da performance esportiva tema  oferecer!

Entre em contato: (71) 3248-4434
Marcelo Matos

Graduado em odontologia – UNIT 2002
Especialista em DTM e dor orofacial – CFO
Especialista em Radiologia Odontológica e Imaginologia Buco-Maxilo-Facial pela ABO-Ba
Pós-graduado em Clínica de Dor pela Unifacs
Pós-graduado em Patologia da Articulação Temporomandibular – Buenos Aires, Argentina
Membro do Grupo de Estudos do Professor Jorge Learreta – Ge-JAL (Argentina)
Membro fundador da Academia Brasileira de Odontologia do Esporte – ABROE
Membro fundador da Associação Argentina de ATM
Membro da American Academy of Craniofacial Pain – AACP, EUA (2003 – 2010)
Membro da International Asociation for Orthodonthis – IAO, EUA – TMJ Study Group Section