Há 4 milhões de anos atrás, a expectativa de vida do Australopithecus (um dos primeiros primatas a andar sobre duas pernas) era de apenas 15 anos. Na Europa medieval a expectativa era de aproximadamente 25 anos, no século XIX era de 40 anos, no início do século XX, era de 55 anos e, atualmente em muitos países a expectativa de vida já é maior que 75 anos de idade.
Ora, sem liquidificador, batedeira e fast food, um Australopithecus facilmente morreria de inanição se sua ATM deixasse de funcionar e “travasse” a mandíbula. Talvez não tenha sido muito diferente na idade média, embora a vida em sociedade tenha permitido certas regalias. Assim, dada a importância da ATM para a sobrevivência, a natureza dotou o sistema articular da mandíbula de uma notável capacidade de adaptação, que permitiu ao ser humano (ou aos nossos ancestrais hominídios) sobreviver mesmo que sua ATM estivesse funcionando mal e consequentemente passar seus genes adiante.
Do ponto de vista evolutivo, uma ATM que deixasse de funcionar totalmente era imcompatível com a vida. Ainda é possível testemunhar esse fenômeno em documentários de vida selvagem, por exemplo, lembro de um (acho que da National Geographic) no qual uma leoa morreu de inanição por ter lesionado a mandíbula ao tentar capturar uma zebra… Em contra-partida, um animal (ou um de nossos ascentrais hominídios, por exemplo) poderia ter uma lesão no joelho mas sobreviver de restos alimentares de outros animais.
Por esse prisma, fica mais fácil entender porque o organismo “dá um jeito” de manter a mandíbula trabalhando mesmo havendo muitos problemas estruturais. Entretanto, esse “jeito” dado pela natureza também tem um custo: a DISFUNÇÃO DA ATM.
Esse aspecto evolutivo paleoantropológico fundamenta alguns dos principais conceitos relativo ao tema e explica alguns porquês, principalmente por permitir diferenciar normal de sadio .
A diferença entre ter uma ATM normal e uma sadia, eu abordarei em uma outra oportunidade. Até lá!
Deixe um comentário