Essa é a segunda postagem da série “Oclusão e disfunção da ATM”.

> Veja a primeira parte

2. As teorias sobre a origem das DTM´s

Articulador: dispositivo mecânico que "tenta"reproduzir os movimentos da mandíbula

Articulador: dispositivo mecânico que "tenta"reproduzir os movimentos da mandíbula

Embora as teorias gnatológicas tenham sido bastante inovadoras para a época, apresentavam uma visão extremamente mecanicista,  sendo essa a sua maior falha. De modo que os profissionais que lidavam diretamente com pacientes de disfunção da ATM a partir do ponto de vista oclusal amarguram muitos insucessos até que, na década de 1980, boa parte da gnatologia perdeu força e os militantes desta área começaram a buscar explicações em outras correntes de pensamento, algumas delas importadas da medicina e dos conceitos de dor crônica, como a teoria biopsicossocial e a multifatorial na tentativa de encontrar  melhores explicações para as causas das disfunções da ATM e seus possíveis tratamentos.

De uma forma resumida, na escola biopsicossocial, a DOR é vista como produto da interação entre a modulação neurológica dos mecanismos de  dor, o estado psicoemocional do indivíduo e o meio que ele vive. É a principal teoria a fomentar os tratamentos à base de terapia cognitivo-comportamental e medicamentos para dor, encarando de forma indiferente o papel da oclusão no contexto das DTM´s.  Aliás, os seguidores desta escola, quando fazem uso de alguma técnica ligada à oclusão, atribuem os resultados ao efeito placebo e/ou psicossomático.

Já na multifatorial, a DTM é vista como fruto da somatória de fatores deletérios que unidos, são capazes de deflagrar, manter ou piorar o problema, daí serem chamados de fatores desencadeantes, perpetuadores e agravantes. É a teoria que mais fomenta o atendimento multidisciplinar, onde cada profissional de saúde atua numa determinada circunstância dividindo responsabilidades, agindo cada qual sobre aqueles fatores que são considerados sob sua área específica. Nessa forma de pensar, certas alterações da oclusão são vistas como algo que apenas pode aumentar o risco, ou seja, algo que embora não seja a principal causa, pode em algum momento ser, por exemplo, um fator agravante ou mesmo um fator desencadeante.

Entretanto, nenhuma destas teorias isoladamente e nem seus respectivos seguidores conseguiram esclarecer, de fato, o que realmente causa uma DTM e qual o papel da oclusão nesse contexto e , assim como ocorreu com a gnatologia, amargaram ( e ainda amargam) muitos insucessos em termos de tratamento. Desde modo, o papel da oclusão no contexto da dor e disfunção da ATM atravessou diferentes fases nas quais saiu de vilão principal a “fator de risco”, sem contudo poder ser completamente descartada.

Continua…

Parte 3