Esta é a terceira postagem da série “Oclusão e Disfunção da ATM”

> Veja a primeira parte

> Veja a segunda parte

ATM e oclusão

ATM e oclusão

3. Porque alguns dentistas pensam que a oclusão é a culpada pela disfunção?

A ortodontia e a prótese são duas das especialidades odontológicas onde a gnatologia ainda permance com bastante força. Um ortodontista costuma ter como meta, uma “oclusão ideal” segundo conceitos de Angle, Andrews e outras personalidades históricas importantes. Já na prótese, conceitos de proteção mútua, RC, MIH, dentre outros, continuam a ser largamente utilizados.  Por conta da força dessa influência é que há tantos profissionais que são formados pensando que tudo pode ser resolvido com correções oclusais no que se refere às  disfunções da atm e essa é a principal explicação do motivo de haver tantos profissionais que põe a oclusão como fator etiológico (causal) das dtm´s!!!

4. E por quê muitos outros profissionais dizem que oclusão não tem nada a ver com disfunção da ATM (DTM)?

Primeiro porque é cômodo. Segundo porque de alguns anos para cá, a comunidade científica, principalmente os pesquisadores ligados à American Academy of Orofacial Pain – AAOP, têm publicado muitos artigos que questionam a má  oclusão como fator causador. Isso possibilitou que outras teorias como a biopsicossocial e a multifatorial ganhassem força, levando os tratamentos das DTM´s para uma esfera mais dirigida para a psicoterapia e para a farmacologia com tratamento à base de remédios para dor e mudança de comportamento.

Essa contestação da oclusão como fator etiológico das DTM´s criou um certo “comodismo operacional”, pois deu liberdade para o dentista reabilitar a dentição de um paciente, seja por prótese, seja por ortodontia, aplicando os conceitos gantológicos (acreditem!!!) sem ter de se preocupar em provocar um impacto na ATM! Ou seja, criou uma dissociação conceitual entre ATM e dentes!  É muito comum ouvir profissionais dizerem em palestras nos congressos de odontologia  que MIH, RC, oclusão cêntrica, etc (conceitos gnatológicos) servem para prótese/ortodontia (e reabilitação dentária em geral) mas não servem para trabalhar com disfunção da ATM!

De fato, esses conceitos não servem para trabalhar com ATM. Entretanto, se não serve para DTM por quê deveria servir para prótese/ortodontia/reabilitação? Dois pesos, duas medidas… Aliás, o fato de não servir para DTM,  indica que NÃO são realmente parâmetros de referência para saúde do sistema estomatognático.

Como estou sempre em contato com colegas reabilitadores, sejam eles protesistas, ortodontistas ou de outra sub-área da odontologia e sempre conversamos sobre esses

Contatos dentários oclusais: uma herança da gnatologia

temas, quando questiono o uso desses conceitos, com frequência escuto que, no final das contas, precisam de algum parâmetro de referência no planejamento da reabiltação e na falta de outros melhores, termina-se por usar os conceitos gnatológicos “puros” ou com alguma variação. Daí a comodidade que mencionei anteriormente, simlesmente é cômodo dissociar os dois conceitos.

Dentre outras razões, esse é um dos fatores que faz da área de disfunção da ATM, uma área com muitas terapias diferentes, muitas escolas e muitos paradigmas. Além da especialidade em DTM e Dor Orofacial que existe na odontologia, quase que a totalidade das outras especialidades oferecem algum tipo de abordagem para tratamento dos distúrbios da ATM.

Nesse amálgama de conceitos, me pergunto: e como fica o paciente?

Continua…

Parte 4