Continuando a série “Oclusão e disfunção da ATM”
6. O que se sabe atualmente dessa relação entre oclusão e DTM?
Bom, sabe-se hoje que em boa parte das situações, a oclusão dentária sofre as CONSEQUÊNCIAS do que ocorre na ATM. Como exemplo, podemos citar um fenômeno conhecido, que é o fato de que um traumatismo no queixo pode produzir uma má oclusão aguda, devido à um “derrame” (edema/inflamação) na articulação que impede o côndilo mandíbular de se acomodar na cavidade articular e consequentemente de encaixar os dentes. Outros exemplos clássicos são: as assimetrias do terço inferior da face com inclinação do plano oclusal (é um desvio lateral da posição do queixo e dos dentes) em casos onde há um deslocamento de disco de um lado só; a mordida aberta provocada por uma artite reumatóide juvenil ou mesmo por qualquer outro tipo de processo degenerativo que afete a ATM, como já expliquei em outras postagens. E há ainda muitas outras situações que abordarei em outra oportunidade. Nas Figuras 1 e 2 pode-se observar um caso de mordida aberta que recidivou após correção ortodôntica, pois não havia sido detectado o processo degenerativo articular.
Há também algumas situações onde os dentes é que são responsáveis por uma alteração do funcionamento mandibular. Cientificamente, sabemos que os dentes, através dos ligamentos periodontais que os sustentam no osso, são também proprioceptores posturais da mandíbula. Isso quer dizer que ao apertar os dentes de uma forma incômoda, os ligamentos enviam uma aviso para o cérebro que aciona os músculos para ajustar a posição da mandíbula. Esse é o mecanismo que leva a gente a tomar um susto (reflexo) e abrir imediatamente a boca ao moder, desavisadamente, uma pedrinha no feijão, por exemplo.
Durante a oclusão, na fração de segundo que os dentes vão se tocando, os músculos, principalmente os temporais que são os responsáveis pela coordenação motora fina, vão ajustando a mandíbula de modo a obter o encaixe final. Assim, um desarranjo nessa superfície de contato entre os dentes superiores e inferiores, pode modificar a forma como os músculos trabalham no instante do encaixe dentário.
Num trabalho publicado na revista Cranio o pesquisador verificou através de eletromiografia (uma tecnologia que permite a leitura da atividade dos músculos), que a introdução de interfências dentárias no processo de oclusão produzia alteração em difrentes grupos musculares mastigatórios, inclusive em músculos auxiliares da mastigação e posturais da cabeça que se situam no pescoço e ombros. Mostrando que a musculatura responde aos estimulos produzidos no decorrer do encaixe dentário.
Outro exemplo é a utilização de interferências dentárias planejadas para mudança da posição mandibular, que o pessoal da ortopedia funcional dos maxilares utilizam em seus tratamentos. Essas interferência modificam o comportamento muscular que movem a articulação têmoporo-mandibular, resultando em um novo posicionamento mandibular.
Além disso, sabe-se que uma interferência dentária patológica no trajeto de fechamento mandibular produz discrepâncias funcionais a nível muscular, por exemplo, um dor de cabeça nas têmporas que tenha aparecido logo depois de ter feito uma restauração que tenha ficado mais “alta” e que ao ser removida desaparece completamente. A posição tridimensional das guias caninas e incisiva e não apenas a inclinação delas (para os dentistas que estejam lendo, não confundir isso com os conceitos de desoclusão por guia canina ou incisiva oriundos da gnatologia, leiam a quarta parte desta série). Dentre outros fatores.
Veja também:
Olá. Gostei muito de seu profissionalismo.Pode me explicar o achado na ressonância magnética? o disco articular direito encontra-se anteriorizado durante o repouso. Quando da abertura bucal,m o disco retorna à sua posição anatômica. pequeno derrame articular no compartimento superior da articulação. A possibilidade de deslocamento anterior do disco articular com recaptura à abertura bucal deve ser considerada.
Olá Eliane , vou te indicar alguns posts do portal para você entender melhor e quando seu dentista fro lhe explicar você poder tirar suas dúvidas. http://www.patologiadaatm.com.br/tratamento-de-deslocamento-do-disco-e-possivel-voltar-a-ter-uma-atm-saudavel/ http://www.patologiadaatm.com.br/meu-maxilar-fica-estalando-o-que-fazer/
Dr. Marcelo, após dores terríveis na atm do lado direito fui encaminhada a uma dentista especialista em DTM. Ela fez ajustes oclusal e a dor diminuiu. As vezes, após mastigação, sinto uma dor, porém, de menor intensidade do que antes que só aliviava com Tylex. A dentista trabalha com reposturação e aparelho ortopédico. Ainda não me decidi pelo tratamento. O que o senhor pode me dizer dessa técnica?
Desde já, obrigada!
Cláudia, de um modo geral, quando uma ATM sofre algum dano, ocorre um comprometimento postural/ortopédico da mandíbula, mas existem muitas abordagens DIFERENTES de tratamento agrupada sob o título de “tratamento ortopédico”, que variam tanto quanto a formação de cada profissional que a emprega. Logo, não tenho como lhe dar maiores esclarecimentos pois não se qual é o teu diagnóstico e qual tipo de “ortopedia” está sendo proposta para você.
At.te,
Marcelo Matos
DOUTOR MARCELO MATOS
OLÁ DOUTOR MARCELO MATOS, SOU BRUNO DE BH MINAS, SINTO DORES DE CABEÇA, OUVIDO, PESCOÇO, OMBRO ETC.
NA EPOCA ACHEI QUE FOSSE UM “CANAL” DO DENTE QUE TINHA TRATADO QUE ESTAVA DANDO ESSES SINTOMAS, MAS NINGUEM ENCONTROU NADA NO CANAL.
AI O ENDODONTISTA ME MANDOU PARA UM ESPECIALISTA EM ATM.
FIZ UMA RESSONANCIA, SINTO MUITA DOR DE CABEÇA E OUVIDO DO LADO ESQUERDO, MAS NÃO TRAVO A MANDIBULA, APENAS PRESSÃO.
O RESULTADO DEU:LEVE ALTERAÇÃO DA MORFOLOGIA DO DISCO DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR ESQUERDA, INDENTIFICANDO-SE TÊNUE IRREGULARIDADE DE SEUS CONTORNOS E DISCREO AUMENTO DA INTENSIDADE DE SINAL DE SUA SUBSTANCIA. NÃO SE OBSERVA DESLOCAMENTO SIGNIFICATIVO DESTE DISCO, QUER SEJA ANTERIORMENTE OU MEDIALMENTE.
DISCRETA DISFUNÇAO DA ARTICULAÇAO TEMPOROMANDIBULAR ESQUERDA, TRADUZIDA POR INCIPIENTE DEGENERAÇAO DO DISCO ARTICULAR CORRESPONDENTE.
LADO DIREITO NÃO FOI ENCONTRADO NADA.
DOUTOR MARCELO, ISSO PODE ESTA CAUSANDO AS DORES???? TENHO BRUXISMO, PQ MINHA PLACA DE ACRILICO ESTA TOCA DETONADA RS… MAS SINTO MUITA DOR DE OUVIDO E CABEÇA E PESCOÇO LADO ESQUERDO.
ENGRAÇADO, ISSO ACONTECEU DEPOIS QUE FIZ UM TRATAMENTO DE CANAL NO DENTE DIREITO, SERÁ QUE TEM ALGO A VÊ???
MARCELO, SEMPRE VEJO ENTREVISTAS SUAS NA TV, ADMIRO DEMAIS SEU TRABALHO… TO PENSANDO IR PRA SALVADOR CONSULTA COM VC…
Olá Dr. Há um mês estou usando placa miorrelaxante em período integral pois tenho muitas dores de cabeça/atm. Já estou sentindo uma melhora. Tenho overbite classe II e o próprio buco maxilo mencionou a possibilidade de correção ortodôntica. Antes de colocar a placa já sentia problemas com a oclusão, inclusive contato prematuro em um dos molares. Foi realizado o ajuste oclusal deste dente, porém sem sucesso, pois algumas vezes parece dar choque quando mastigo. Será que nesse caso seria interessante a correção ortodôntica? Poderia ao menos em tese beneficiar a atm?
Liza, a correção ortodôntica é bem indicada quando a ATM já está tratada e saudável. Antes disso, mover os dentes de lugar com uma ATM instável, é como construir uma casa em terreno pantanoso.
att.,
Marcelo Matos
Dr. Marcelo,
Por favor, fiz uma RNM das atm, poderia por favor me dar uma dica do que esta mencionado:
Observa-se deformidade e alteração da intensidade de sinal em T1 e T2 do condilo mand. direito, q se encontra subluxado, deslocamento anteriormente.
A cavidade glenoide direita apresenta aspecto raso.
Condilo Mand, tuberculo e cavidade glenoide a esquerda integros, com morfologia, contornos e intensidade de sinais normais.
O menisco articular direito não é caracterizado.
Cond. Mand. esquerdo normoposicionado na posição de boca fechada com leve hiperexcurção durante a manobra de abertura bucal.
Menisco articular esquerdo com morfologia, contornos e intensidade de sinais normais, bem posicionado na posição de boca fechada, havenco leve deslocamento posterior do mesmo na manobra de boca aberta.
Ausencia de derrame articular.
Zonas bilaminares com aspectos preservados a esquerda.
TC MANDIBULA
1- Alteração de forma e contorno dos condilos mandib, sendo q lado direito apresenta-se significamente menor(hipoplasia cond. direito? hiperplasia cond/esq.?)
2- desvio da mandibula p o lado direito com assimetria facial
3- reabsorção ossea alveolar nas areas edêntulas
4- Ausencia dentarias
5- demais estruturas mineralizadas do segmento avaliado dentro dos limites de normalidade.
CINTILOGRAFIA OSSEA:
Não foi achado hiperplasia ou hipoplasia.
Essa deformidade condilar lado/direito pode ser má formação do crescimento ou um chute que levei qdo menor de idade(aos 11 anos).
1ª opniao: colocação protese – fazar maxila, mandibula e mento.
Procurei uma 2ª opniao (bucomaxilo), me passaram q nao é preciso colocar protese de atm/direita, ja q tenho 39 anos e nao sinto dores e abro a boca normalmente, foi proposto fazer correção na mandibula com enxerto/osseo e mento.
Seria possivel, fazer essa cirurgia para corrigir minha assimetria sem mexer nos condilos conforme essa 2º opniao ? ja q ao abri a boca se movimenta mais ainda para o lado direiro onde o condilo nao cresceu, isso é normal ? com essa cirurgia pode ser corrigido isso tb ?
Muito Obrigado,
Claudio
Cláudio, os laudos que você transcreveu apenas descrevem as características encontradas nas suas ATM, mas que precisam ser interpretados pelo dentista que está lhe acompanhando, pois essas informações não são o diagnóstico em si, mas apenas parte dele. Quando o seu dentista juntar tudo: exame clínico, exames de imagem, anamnese (a entrevista que ele fez com você) ele poderá, então, definir o diagnóstico do seu caso. Se eu tentasse fazer isso aqui pela internet, seria errado e injusto. Errado por infringir o código de ética de odontologia, pois isso configuraria consulta on-line (veja o inciso “V” do art. 34) e injusto porque seria um uma opinião incompleta, já que não tenho as imagens, não fiz um exame clínico em você, nem sua entrevista, ou seja, seria injusto com você mesmo. Portanto não se chateie comigo, pois não é má vontade de te ajudar, mas realmente não posso interpretar os seus exames para lhe responder as três perguntas que você fez ao final do seu texto.
Entretanto posso lhe ajudar com esclarecimentos gerais que sejam de interesse para você e outros leitores aqui do blog que estejam em situação similar. Pelo que entendi, você quer corrigir uma assimetria, correto? O ponto chave nesses casos é saber o que provocou a assimetria, se um problema do próprio crescimento dos maxilares ou se por algo específico, como uma lesão da ATM. Se for o segundo caso, é preciso também saber se a lesão está ativa ou não e isso é feito através de, dentre outras coisas, exames como os que você fez. A partir daí, tudo vai depender da orientação e formação de cada profissional que você procurar pois há linhas de trabalho diferentes mesmo dentro de uma especialidade odontológica. Converse com o dentista que está lhe atendendo a respeito de todas as possibilidades, todos os detalhes e tire todas as suas dúvidas antes de decidir pelo tratamento.
Att.,
Marcelo Matos
Boa tarde, eu retirei as atms em 2009, após várias tentativas de tratamento, fiz infiltrações, usei varias plaquinhas o que não tive resultados de melhora, após ter feito as dissectomias tive uma melhora significativa mas quando foi em 2010 comecei a travar a boca fize outros exames e descobrimos que estava com anquilose, em dezembro de 2010 fiz a condilectomia bilateral para melhorar, houve melhora as dores pararam tudo corria normalmente, recoloquei o aprelho ortodôntico porque tive que tirar para realizar uma ressonância, continuei com a fonoaudióloga, agora am julho de 2011 fiz um retorno na buco comentei que minha boca não estava abrindo só abria 16 mm mostrei o RX e tomografia aí descobrimos que a anquilose tinha voltado no dois lados só que o direito estava maior em agosto fiz uma nova cirurgia para retirar a anquilose comecei com a fisioterapia e agora desde 20/09 que comecei sentir dores no lado esquerdo no qual já havia acusado nos exames não consigo nem fazer os exercícios de fisioterapia, eles vão avaliar meu caso para ver o que podem fazer sou uma paciente do tipo três que precisa fazer ortognãtica para saúde não para estética, será que essa anquilose pode voltar denovo? ouvi falar que existe prótese total de côndilo, tenho medo de ficar todo ano fazendo cirurgia já fiz quatro, o que fazer para conseguir essa prótese? não dá para ficar assim não sei se devo conversar sobre isso com meu médico.
Cristiane
Por essas e outras que você deve perceber que não recomendo cirurgias de ATM, mas considerando que você já as realizou, sugiro que converse sim com seu cirurgião a respeito da prótese de ATM, pois embora as próteses de ATM tenham muitas limitações, ela pode melhorar a questão das recidivas de anquilose.
Tenha em mente que mesmo as próteses de ATM de última geração tem um tempo médio de vida útil entre 3 e 5 anos, quando precisam ser trocadas.
Atenciosamente,
Marcelo Matos
Olá Dr.
Parabéns pelo blog.
Dr. tenho fortes dores e estalos ao abrir e fechar a boca, e nos ultimos meses tenho sentido cansaço nos musculos da face, apertamento dos dentes, dificuldade em abrir e fechar a boca e dores nos dentes pela manhã.
Isso já me causou um problama em um dos dentes, no qualtive que fazer um canal e onde o mesmo continuou doendo, minha dentista disse que poderia ser pela DTM.
Uso aparelho para correção do alinhamento dos dentes e por isso me disseram que era mais difícil tratar esse problema, enquanto eu usar o mesmo.
Gostaria de saber o q devo fazer e que pode acontacer se eu tratar o problema?
Grata pela Atenção
Simone Soares
Simone
Há quem acredite que os problemas da ATM se resolvem sozinhos com o tempo, no entanto essa não é a minha experiência pessoal. O que vejo são pessoas que deixam de tratar a disfunção da ATM quando ela ainda é inicial e posteriormente acabam com os mais variados quadros de agravamento, que vão desde as dores de cabeça e face até os processos degenerativos com alteração da posição dos maxilares.
Assim, minha sugestão é que converse com seu dentista sobre a possibilidade e/ou viabilidade de interromper o tratamento ortodôntico para tratar a ATM.
Atenciosamente,
Marcelo Matos
Gostaria de saber a sua opiniao sobre o sistema Damon? Vantagens? Desvatangens em relaçao ao metodo tradicional de ortodoncia? Muito Obrigada!
Verônica
É mais um recurso tecnológico da ortodontia. Essa pergunta seria melhor respondida a você por um ortodontista que use o sistema.
Atenciosamente,
Marcelo Matos
dr .marcelo matos
eu estou enfrentando atm e muita dor de cabeca e na nuca e pescoco moro nos E.U.A ja fiz todos os exames
mas deu normal o neurologista disse que era melhor colocar botox o que vc .acha ja uso aparelho de silicone enao esta resolvendo
Mércia
Botox é apenas um paliativo. Em situações onde a medicina e odontologia não possam oferecer nada melhor, o botox poderia ser uma opção. Mas no caso de dores de cabeça muita coisa e disfunção da ATM, muita coisa precisa ser feita antes de chegar nessa possibilidade.
Dê uma lida nesse texto aqui:
Botox no tratamento das disfunções da ATM
Quanto ao aparelho de silicone, leia isso aqui:
Plaquinha resolve?
Placa miorrelaxante, placa de Michigan, placa estabilizadora e disfunção da ATM
Portanto, sugiro que você procure outros profissionais ou venha ao Brasil ou Argentina que são os países onde há os melhores profissionais dessa área.
Atenciosamente,
Marcelo Matos
[…] comentado em outra postagem, certos tipos de problemas oclusais, deformidades faciais e discrepâncias esqueléticas são […]
Dr. Maecelo já uso placa todas as noites,faço tratamento ,mas mesmo assim não consigo ficar curada.
Maria José, talvez você já tenha lido aqui no blog que a placa em sí não vai solucionar o problema. E se você não está tendo resultado, provavelmente precise rever o diagnóstico. Ou seja, normalmente, quando o tratamento não funciona, significa que alguma coisa deixou de ser considerada no processo de investigação do caso e planejamento do tratamento.
Atenciosamente,
Marcelo Matos
Dr.Marcelo sou da cidade de nazaré tocantins sofro de dtm acordo com dores agudas todos os dias ,já consultei dois dentistas um falou que eu tenho que usar aparelho ortodontico outro falou que não pois o meu cso è de dores fortes na atm por isso nâo devo usar ,se nâo as dores aumentam o que devo fazer?
Maria José Barros, realmente aparelho dentário não trata as doenças da ATM, apenas lida com o alinhamento dos dentes. Sugiro que procure um dentista com experiência em patologia da ATM e faça uma consulta.
Aqui no blog, na página principal, você pode encontrar um link para o blog do Ge-JAL, lá você poderá encontrar uma lista de profissionais e ver quem se encontra mais perto para você fazer uma visita.
Atenciosamente,
Marcelo Matos
DR. Marcelo uso a placa a quase um ano,aliviou bastante as dores de cabeça, porém não consigo mastigar bem,nem bocejar que tenho fortes dores e também me dá muita dor de ouvido estou pensando em tirar a placa.
Tatiane, antes de tirar a placa converse com seu dentista sobre as alternativas e também a respeito destes sintomas que você relatou.
Se por um lado a dor de ouvido e a dificuldade de mastigação e de bocejar te incomodam, o alívio produzido pela placa (que imagino que queira manter!) pode ser perdido se você removê-la sem consentimento do seu dentista.
Atenciosamente,
Marcelo Matos
Dr. Marcelo o congreso no Paraguay é bem viável para mim, Maringá é bem próximo……Tem algum site para ver as programações e adesões?
Muito Obrigado
Fábio Costa
Olá novamente,
Esqueci de perguntar se, quando a DTM é decorrente de má oclusão, há cura se for tentado restabelecer a oclusão. O ajuste oclusal, quando não dá certo, é um procedimento irreversível?
Agradeço novamente.
Olá, Dr. Marcelo,
Já lhe escrevi anteriormente e, agora, queria saber o que o senhor acha do uso do Botox no alívio da dor da ATM. Também gostaria que me indicasse algum bom especialista em ATM em São Paulo. Existe algum tipo de exame que se faz com a ATM em movimento?
Por fim, queria saber como é essa técnica de recaptura do disco de Learreta.
Muito obrigada pela atenção,
Denise.
Olá boa noite,gostaria de esclarecer algumas duvidas sobre disfunção da ATM.Tenho fortes dores de cabeça e na região da mandíbula há mais de 7 anos.Já procurei diversos profissionais nas mais diferentes áreas,desde dentista,neurologistas,fisioterapeutas e até fono.Foram feitos todos os exames neurológicos como eletro,raio x e nada foi constatado mas mesmo assim o médico receitou remédio para a pressão sem que eu tivesse algum problema relacionado.Procurando por outros profissionais nesses 7 anos resumidamente minha vida foi o seguinte:usei propanolol p/ pressão,aparelho ortodontico,placa acrílica a noite(fazia tanta força que cheguei estragar a placa)fiz RPG,milhares de fisioterapia,remedios para dor,tudo em vão.Tenho abertura de boca muito pequena(0,28),estalidos ao abrí-la,bruxismo(na verdade “mordo” os dentes a noite,não ranjo)não consigo comer alimentos duros,normalmente sinto mais dor de cabeça ao acordar,a região do pescoço está sempre tensionada e mesmo fazendo massagens e fisio nunca relaxa.Tenho lido muitas coisas a respeito mas nenhum profissional me dá um parecer mais exato.Já não aguento mais conviver com essa dor,sem contar que a qualidade do sono é péssima,já acordo cansada.Desde ja agradeço a atenção e aguardo uma resposta.Gisele
Olá Gisele, esse quadro que você descreveu é bem típico de problemas nas estruturas internas da ATM, embora outras questões também precisem ser investigadas. O primeiro passo é identificar as lesões estruturais que justifiquem a limitação da abertura de boca e a incapacidade de exercer força com a mandíbula (a dificuldade de mastigar alimentos duros que você mencionou) e, principalmente, descobrir o que as causaram.
A partir daí será possível começar a formular um planejamento terapêutico que possa atender à suas necessidades. Sem isso, qualquer tratamento será como um barco sem bússola, sem saber onde está nem para onde vai. Só assim vc poderá evitar que ocorra exatamente o que você descreveu:
Veja como a investigação diagnóstica é importante para nortear o tratamento e como ainda há muitas coisas a serem respondidas antes de começar QUALQUER tratamento:
1. Uso de aparelho – Será que a correção e o alinhamento dos dentes solucionaria algo que está acontecendo, provavelmente, dentro da ATM? Fazer o investimento de tempo e dinheiro num tratamento ortodôntico, para só depois de alguns anos descobrir que a resposta para essa pergunta foi negativa, não parece ser muito prudente…
2. Placa acrílica à noite – Qual efeito que ela tinha nos músculos e na posição da mandíbula? Como ajudaria a corrigir a função?
3. RPG – É excelente para a saude geral e equilibrio postural, mas como uma correção postural irira corrigir um problema que se passa dentro da ATM?
4. Fisioterapia – Existem muitas técnicas diferentes (manobras, TENS, FES, calor profundo por microondas, laser, etc), mas como saber se estas técnicas estavam realmente indicadas no seu caso? Como saber se ao fazer uma manobra, por exemplo, não estaria piorando a lesão ao invés de tratá-la?
5. Remédio para dor – Remédios não corrigem o problema, apenas mascaram os sintomas levando, inclusive, a uma piora a longo prazo, além de ter importantes efeitos colaterais. Imagine o seguinte: o que aconteceria se você tivesse uma ferida no calcanhar, bem no local que apoia contra o chão, tomasse um remédio de dor potente e fosse fazer uma corrida?
Minha sugestão é você procurar um profissional com experiência em patologia da ATM. É possívelencontrar uma lista na seção de membros no blog do Ge-JAL (tem um link para lá na homepage do meu blog).
Espero que você possa refletir sobre essas questões e encontrar um caminho, melhoras!
Atenciosamente,
Marcelo Matos
Dr.Marcelo, eu acredito que um processo osteoartrítico decorrente de um processo infeccioso provindo do ouvido ou por via hematogênica ou ainda de origem traumática é que leva a um colapso do sistema de lubrificação, daí resultando posteriormente em um deslocamento anterior do disco que passa a ser fisiopatológico. Tratar esse deslocamento seria oportuno se ele encomodasse o paciente com dor, caso não, poderia deixá-lo como estava, porém é de se pensar que a outra ATM poderia ficar sobrecarregada além da alteração que os componentes estruturais da ATM osteoartrítica poderia sofrer como um futuro closed lock, portanto seria sempre válido tentar tratar o deslocamento anterior. E para recompor o sistema de lubrificação seria bom inicialmente se tentar algumas seções de artrocenteses com aplicações de hialuronato de sódio, além de tratar a causa infeciosa caso não fosse traumática. Agora como investigar a causa infecciosa caso ela não fosse oriunda do ouvido, eu gostaria de saber? Manter o disco em posição caso fosse conseguido a recaptura, a qual foi constatado por uma IRM, eu acho que seria através de uso de placa por um longo periodo.
Seria um grande prazer poder participar do encontro em Maceió, porém estarei em atividade por aqui na residencia. Realmente não teria como eu ir nesse momento, mas ficarei antento para uma próxima oportunidade.
Aguardo sua opnião……….
Fábio Costa
Muito Obrigado
Olá Dr. Fábio, a coisa é bem por aí mesmo.
As lesões de origem infecciosa, principalmente as que tem origem no ouvido (tipicamente por estafilococos) geram lesões diretas no côndilo e discos articulares deixando sequelas biomecânicas importantes na maioria das vezes. Já as de via hematogência, dada a diversidade de características e tipos de microorganismos, produzem diferentes tipos de lesões nas estruturas internas mas que podem ser rastreadas. Nesse sentido, sugiro dois livros: o “Atlas de imagens sadias e patológicas” e o “Compêndio de diagnóstico das patologias da ATM”, ambos do prof. Learreta. Também há o “Patofisiologia Geral” de Douglas, que pode completar com a incorporação de alguns conceitos interessantes a respeito de fisiologia e fisiopatologia.
De fato é possível a pessoa viver sem dor ou com dor de baixa intensidade mesmo o disco estando deslocado (existem muitos artigos que abordame esse tema), no entanto, o fato do disco estar delocado implica um problema biomecânico, que pode ser corrigido independente da presença ou ausência de dor. Aliás, a DOR, não é um bom parâmetro de avaliação e decisão (foi por isso que perguntei sobre a definição “oficial de dor” em uma postagem anterior) pois é demasiada subjetiva. Se for só pela questão da dor, bastaria tratar com opióides fortes e estaria resolvido, mas sabemos que não é bem assim…
Há muita evidência científica mostrando que o disco deslocado, danificado ou de alguma forma não cumprindo sua função, desencadeia uma série de alterações histoquímicas e estão fortemente relacionados aos processos degenerativos. A progressão para o travamento da boca é apenas um dentre outros problemas que podem ocorrer, mas não é nem o mais frequente nem o mais importante.
Em alguma outra postagem eu mencionei que o disco tem volume, recorda? Bom, esse volume implica uma questão de posição tridimensional da mandíbula e, consequentemente, da arcada dentária, de modo que além do problema etiológico, biomecânico e funcional ainda há uma questão estrutural envolvida. Assim, por mais longo que seja esse período de uso de uma “placa” , se ela for removida (gradualmente ou não, tanto faz), fará com que a mandíbula assuma uma postura diferente daquela obtida com o disco em “recaptura”… E o resultado já sabemos qual é. Além disso, se você estiver se referindo a “placa” em termos de placa de recaptura (reposicionadora, estabilizadora, pivotante etc), esqueça… O que estas fazem é protruir a mandíbula e prover uma posição igualmente patológica do disco, que por está “pinçado” entre a eminência e o côndilo, deixa de “estalar”, induzindo o profissional a pensar que “recapturou”. Nesse caso há inclusive uma associação comprocesso degenerativo (basta lembrar que o disco nesse caso também não estará cumprindo sua função) e com retorno do quadro de dor e demais sintomas, de tal forma que este modus operandi caiu bastante em desuso nos últimos anos.
Bom, depois de Maceió, haverá outro workshop em Salvador no dia 15 de setembro, mas o próximo evento de maior porte onde você poderá entrar em contato conosco (eu, o prof. Learreta, a Dra. Lídia Yavich e demais colegas que trabalham nessa linha) será no Paraguay, no Congresso da seção Latino Americana da AACP – American Academy of Craniofacial Pain – dias 23 e 24 de outubro de 2009, Crowne Plaza Hotel.
Atenciosamente,
Marcelo Matos
Dr. Marcelo de fato pelo o que eu entendo sobre patologias articulares da ATM, o deslocamento anterior do disco sempre me foi dado como um diagnóstico, mas com uma etiologia por trás. Obviamente algo levou o disco ao deslocamento anteriorizado, como um colapso do sistema de lubrificação devido a um processo osteoartrítico. Existe casos em que o disco sofre um processo adaptativo, mesmo deslocado anteriormente, e o paciente não tem dor, por isso penso nesse último caso em tratamento paliativo, e em caso com dor optar por tratamento com placas para se tentar a recaptura do disco. Caso não se consiga a recaptura pode-se pensar em tratamentos cirúrgicos, que infelizmente parecem não ter muito sucesso na maioria das vezes. A partir dai fico de mãos atadas………….
Gostaria de sbar sua opnião sobre o meu cometário???
Muito Obrigado
Dr. Fábio, vamos pensar nos seguintes aspectos:
1. Como saber se o colapso do sistema de lubrificação devido ao processo osteoartrítico não é uma consequência ao invés de uma causa?
2. Suponhamos que um determinado disco deslocado em um paciente “X” seja decorrente de um processo osteoatrítico, qual seria o diagnóstico? De onde veio tal processo?
Certamente. Concordo 100%. No entanto essa adaptação será fisiológica ou fisiopatológica? Como testar?
Ok. É um pensamento válido, com suporte de organizações como a AAOP e com utilidade no sentido de saúde pública, mas…
Será que utilizar o critério “presença ou ausência de dor” para definir entre paliar ou usar placas é realmente coerente? Qual é a definição “oficial” de dor?
1. Qual o impacto funcional do deslocamento de disco no paciente X?
2. Considerando que o disco em sua posição original, possui volume, uma vez que se desloque, o que acontece com o componente estrutural do problema?
3. Usando essa placa da situação mencionada por você, como conferir a ocorrencia ou não da recaptura do disco?
4. Como manter esse disco recapturado?
1. Se houver o processo osteoartrítico mencionado anteriormente (independente de ser causa ou consequência) fixar cirurgicamente o disco com âncoras irá corrigir o “colapso do sistema de lubrificação”?
2. O funcionamento do disco será fisiológico?
É o resultado mais provável considerando todas as questões levantadas anteriormente, não acha? Fazer com que a cirurgia esteja em sintonia lógica com todas as questões levantadas anteriormente, seria como acertar na loteria…
Veja, não estou pondo essas questões no sentido de uma “pegadinha”, mas sim para ao responder, tentarmos construir uma raciocínio em conjunto.
Todas as respostas e implicações relacionadas a essas perguntas serão abordadas no Workshop de Maceió.
Atenciosamente,
Marcelo Matos
DR. Marcelo.
Gostaria muito de saber qual a sua forma mais empregada para o tratamento de deslocamento anterior de disco?
Muito Obrigado
Fábio Costa
Dr. Fábio, realmente será muito bom se você puder ir ao Workshop, pois iremos conversar bastante sobre esse tema. Por agora, vou lhe fazer uma pergunta cujo objetivo é a reflexão: às vistas do conhecimento atual em patologia articular, “deslocamento do disco” é REALMENTE um diagnóstico?
Se a resposta for sim, você poderia me esclarecer o porquê? Se for não, você poderia sugerir o que seria um diagnóstico para essa situação (disco deslocado)?
Abraço,
Marcelo Matos
Prezado Dr. Marcelo Matos,
Primeiramente venho parabenizar pelo excelente site, no qual passei a ser leitor e pesquisador do tema, pois sou mais um portador de dores faciais e gostaria de uma analise de um profissional qualificado como o senhor.
1 – Situacao
Em Marco deste ano comecei a sentir fortes dores no musculo temporal e logo vi que nao era uma dor de cabeca normal. No dia seguinte, ja estava com a musculatura da face toda rigida. Pesquisando na internet, procurei uma clinica especializada em ATM.
2 – Avaliacao
Rx da ATM = foi diagnosticado deslocamento do disco articular do lado direito e desgaste do condilo da mandibula na area proxima ao disco dos dois lados
Oclusao = mordida cruzada do lado esquerdo.
Simetria da mandibula = na posicao de repouso a mandibula apresenta um pequeno desvio para esquerda
Segundo o profissional devido a ma oclusao durante todos esses anos, ocorreu esse desgaste na mandibula ocasionando o deslocamento do disco articular e o desencadeamento das dores musculares na face e na articulacao.
3 – Tratamento fisioterapico
De Marco ate Junho (2 vezes na semana)
– TENS
– Ultrasom nas ATM
– Laser
– Uso de placa de silicone (24hs)
De Junho ate os dias atuais
– Uso da placa de silicone (24hs)
– Acupuntura
4 – Minha avaliacao do tratamento
Ao iniciar a fisioterapia e a placa de silicone senti grande melhora e as dores pararam.
Porem comecei a observar que a placa de silicone ja nao me dava estabilidade e comecei a sentir dores novamente, irradiando para os ouvidos, pescoco e costas. A acupuntura esta dando certo pois esta minimizando a irradiacao dessas dores.
Porem ao longo do tratamento, desde marco, se formaram dois pontos no meu rosto na musculatura superior do masseter, na regiao proxima a bochecha. No inicio esses pontos nao apresentavam dor, eram apenas rigidos, com o tempo foi aumentando o inchaco e hoje eles permanecem doloridos e constantemente o inchaco passa para o rosto todo e comeco a ter crises de ansiedade. Tenho a impressao que as dores que sinto atualmente devido a esse inchaco sao diferentes das dores que sentia devido a articulacao. Pela avaliacao do profissional, fui informado que isso ocorre devido ao apertamento noturno dos dentes e que a solucao eh a colocacao de aparelho ortodontico com uma compensacao nos dentes de forma a simular a placa miorelaxante e dessa forma colocar a mandibula na posicao de conforto corretamente.
Tenho as seguintes duvidas
1 – Estou no caminho certo do tratamento
2 – Seria importante mais algum exame (ja li que a ressonancia da ATM eh importante,mas mudaria a forma do tratamento ou nao)
3 – o dolorido na musculatura do masseter seria consequencia de algum problema na articulacao, algum desgaste muscular devido a adaptacao da posicao da mandibula ou realmente do apertamento dos dentes.
4 – Em relacao ao tempo de fisioterapia, seria importante retomar o ultrasom ou ja fiz bastante
abraco,
Flavio
Olá Flávio
Agradeço as congratulações pelo site e à minha pessoa. A idéa do blog é justamente levar o máximo de informação ao maior número de pessoas possível a respeito de um tema que é tão complexo como o das doenças do aparelho mastigatório.
Bom, quanto à suas dúvidas, por questões éticas e legais, eu só posso responder na medida que as respostas trazem informações de interesse de saúde pública, de modo que certas questões particulares, como o número de sessões de fisioterapia, eu não tenho como te responder, aliás, nem mesmo como avaliar.
O uso de TENS, Laser, Ultrassom, bem como coisas que você não mencionou como crioterapia (tratamento pelo frio), massagens, manobras etc… São largamentes usadas em fisioterapia e odontologia como métodos paliativos para controle da dor e/ou da inflamação. Está tudo ok no uso dessas técnicas e, de fato, elas são muito úteis na maioria das vezes.
Quanto ao fato de você estar no caminho certo ou não, isso depende de como o tratamento está coordenado com o diagnóstico. O deslocamento do disco que você mencionou, implica num problema estrutural em relação aos compontentes da ATM e também em relação à postura da mandíbula em relação ao crânio. É importante conversar com o colega dentista que está lhe assistindo a respeito de qual medida visa a correção estrutural e biomecênica do problema, pois sem essa correção, o controle da dor via medidas paliativas não costuma durar muito tempo.
Por falar em disco articular, em radiografias de ATM NÃO SE VISUALIZA O DISCO, logo suponho que essa constatação foi feita empiricamente no exame físico ou deve(ria) ser realizada por Ressonância Magnética (RM), que é a única forma de se ver realmente o disco.
O exame físico para constatar um deslocamento ou não do disco, é relativamente confiável, mas não oferece informações a respeito do estado de saúde dos ligamentos e da própria estrutura discal. Mas mesmo assim, alguns profissionais dispensam a RM, pois não costumam incorporar esses detalhes no tratamento e não mudam a conduta clínica em função deles. Nessas situações, é melhor então que nem seja feita a RM, pois só irá agregar custo sem retorno do ponto de vista do tratamento. Em meu caso em particular, como não gosto de arriscar e como esses detalhes afetam diretamente a minha conduta terapêutica, prefiro fazer ressonâncias e ter um diagnóstico de precisão e um tratamento individualizado.
Outra coisa interessante (e muito importante) é que à luz do conhecimento atual, deslocamento de disco não é diagnóstico… é apenas uma constatação de uma sequela patológica. Diagnóstico é decobrir porque esse disco se deslocou, como deslocou, o quanto isso interfere no funcionamento da ATM (afinal é uma dis-função, correto?), o quanto pode ser revertido e caso não possa, qual o custo biológico dele continuar deslocado. Por conseguinte, os procedimentos terapêuticos ficarão atrelados às respostas para as questões acima, o que demanda além do controle da dor, a correção biomecânica e funcional do problema.
Quanto ao uso de aparelho ortodôntico, independente do tipo, o que posso dizer é que é um procedimento de característica irreversível, pois uma vez modificada a oclusão, é difícil e improvável retorná-la à condição anterior. Logo, se a decisão for partir para a ortodontia, é importante se certificar se o estado de saúde da articulação é condizente com isso.
As principais organizações relacionadas ao tema da ATM (AACP, AAOP, dentre outras) são unânimes em afirmar que os tratamentos preferenciais deverão ser aqueles reversíveis e que os procedimentos definitivos (cirurgia, prótese fixa, ortodontia) só devem ser realizados em casos muito bem eleitos para esse fim e cuja a relação de risco benefício seja favorável para a saúde do paciente.
Por fim, espero que o que escrevi acima possa ajudá-lo a refletir sobre o tema e despertar para questões que você possa conversar com seu dentista.
Desejo boa sorte em seu tratamento e melhoras para você.
Atenciosamente,
Marcelo Matos
1. helena antunes @ 2009-07-14 11:05
Seu comentário está a espera de aprovação.
Caro Dr. marcelo
Fiz uma reabilitação dentária que correu com sucesso. Foram feitos 5 implantes e no resto colocadas coroas sobre os meus dentes. No fim da fase provisória a funcionalidade era excelente e a parte estética também. Antes tinha estalidos esporádicos e,de vez em quando, sentia o rosto desconfortável devido à perda de altura. Tudo isso desapareceu completamente e, como já referi, estava optima ao ponto de durante cerca de um ano não ter dado conta de um só estalido. Foram colocadas as coroas definitivas e achei muito estranho que no momento da colocação destas resolvessem extrair um dente que havia sido preparado para levar uma coroa definitiva e que esteve, afinal, na base da preparação de toda a estrutura. Ora, não passava um mês, quando comecei com enormes problemas: estalidos permanentes, dores em alguns dentes, mal estar. As minhas queixas eram que fechava a boca em diagonal, que fechava a boca muito atrás, que tinha zumbidos, dores de ouvidos… A raiz de um dente (22) fracturou e teve de ser extraída. Era nítido que tinha sido alterada a oclusao. Ora, o médico que tinha feito as coroas não gostou e achou que eu estava a pôr em causa a sua competência “rasgava já o meu diploma de 25 anos” e, simplesmente me virou as costas mesmo tendo permanecido mais um mês em Portugal (é brasileiro e dito pela clínica como dos melhores ceramistas?)
Da parte da clínica, do médico que tinha feito a reabilitação e que ficou responsável, só via hesitações e tentativas de convencimento de que era devido à cerâmica ser mais agressiva que o acrílico. Não podia acreditar que um tal tratamento tivesse como consequencia a perda de qualidade de vida. Como não via saída para o meu desespero, recorri fora a maxilofacial (não havia na clínica) que disse haver nítida descompensação no lado direito. Fiz saber isso na clínica mas o director, que foi chamado a uma consulta, disse “o que é que esse percebe disso” e que estava tudo bem e bonito, que o problema era das costas , das botas, da postura…e saiu. Mas, após a sua saída, o médico que me seguia ele próprio desvalorizou aquelas observações e disse “nós vamos ver isso”. Eu interrogava-o constantemente “doutor, estava tudo tão bem, o que é que se passou? Porquê a extracção daquele dente no dia da colocação das definitivas? ” Respondia “alguma coisa foi o quê não sei”. E perante a minha insistência sobre a relativa facilidade em ter antes encontrado a posiçao correcta respondeu “receio não conseguir o equilíbrio oclusal anterior porque como você chegou foi fácil”. A minha angústia aumentava ao ler todos aqueles receios e empates. Eu só queria que me libertassem de todas as coroas pois parecia que os dentes inferiores queriam empurrar os superiores “libertem-me disto, não posso viver assim”. Só cerca de 7 meses depois do surgimento do problema é que começaram a partir as cerâmicas. Ora, nesse momento, já havia um desequilibrio enorme e, em vez de fazerem um estudo da oclusão fizeram tudo a olho e, passado mais de ano e meio com problemas tive de deixar aquela clínica, que se diz a melhor, com problemas de todo o género, tocando mesmo a depressão. Claro que tive vontade de sair antes, mas tinha pago tudo e, sem reembolso, tornava-se difícil partir para outra. A determinada altura apercebo-me que até queriam isso, foi um alívio para eles “se quer a minha opinião você é a principal beneficiada porque eu olho e já não vejo nada” disse o médico.
Isto passou-se há um ano. Depois disso procurei algum médico que pegasse no meu caso. Não foi fácil pois o problema é muito complicado. Só em fevereiro deste ano é que penso ter encontrado os técnicos que foram directos ao problema “oclusão errada, nada bate certo, completo desalinhamento dos dentes, marcada descompensação à direita. A sua preocupação foi fazer desaparecer todos os sintomas que lhes referi: dores de ouvidos, vertigens, dores da cervical, nuca, costas, queixo anestesiado, estalidos, zumbidos, bloqueio do raciocínio, incapacidade de concentração, alteração completa do sono.. Tiraram os meus registos e prepararam uma goteira de reposicionamente que trago actualmente e que terei de usar até terem desaparecido todos os sintomas. Foram claros dizendo-me que estão a tentar encontrar o ponto correcto, o que não é fácil. Não avançaram ainda com qualquer plano de tratamento embora me tenham já referido que os novos provisórios terão de ser em bloco dado o total desalinhamento. É certo que os sintomas não desapareceram totalmente, que desaparecem e aparecem de novo,e por isso vai sendo feito o reajustamento da guteira, mas estou confiante no caminho que está a ser seguido e no profissionalismo demonstrado por estes jovens médicos.
Como o Doutor Marcelo pode calcular, alimento uma revolta enorme contra os senhores que provocaram todo o problema e que ainda por cima dizem que fizerem tudo bem. Contactei um advogado e através dele consegui que me facultassem os moldes. Acontece que houve uma alteração total, o que levou à extracção do dente no dia da colocação dos definitivos. Retiraram altura e amplitude à boca provocando até deformação do rosto.
Perante tudo isto e da não valorização das minhas queixas, não será que posso considerar negligência?
Pode simplesmente dizer-se “alguma coisa aconteceu o quê não sei?” Podem alterar-se assim os moldes e depois se há problemas refugiarem-se nas patologias?
Peço desculpa pelo incómodo pois sei que não é fácil pronunciar-se mas gostaria que houvesse frontalidade.
Os meus cumprimentos.
Helena
Entendo bem a sua revolta. No entanto, pela sua descrição, percebo que os dentistas estavam tranquilos num primeiro momento (na fase dos provisórios) mas se desesperaram quando as coisas não estavam dando certo. Nesse “desespero” é muito fácil ocorrer atritos na relação entre o paciente e o dentista.
A primeira coisa a fazer é esfriar a cabeça e pensar na solução do problema para que você possa reconquistar sua qualidade de vida e só depois verificar a parte legal. Em seu país deve haver algum tipo de comitê de ética que poderá ser acionado nessa situação.
O fato é que todo mundo pode errar: dentistas, médicos, engenheiros… São todos seres humanos e, como tal, são passíveis de erro. Nessas situações, algo que se torna muito importante é a forma como cada profissional lida com o erro e como ele providenciará a assistência necessária ao paciente e o diálogo é a melhor maneira de encontrar soluções nessas horas.
Agora há algo importante a ser considerado: o profissional pode não ter errado!
Se ele seguiu os preceitos que aprendeu, ele pode ter feito tudo certo e ainda assim você ter tido os problemas que teve, pois os profissionais de reabilitação ainda são formados tendo como base os conceitos gnatológicos. Como você deve ter lido nessa série de artigos que escrevi sobre oclusão, a gnatologia ainda é a base da maioria das faculdades e cursos de especialização, embora apresente várias limitações científicas. Uma dessas limitações, é o fato de que os preceitos gnatológicos não possuem uma boa base neurofisiológica.
Sob esse ponto de vista, seu dentista pode ter sido uma vítima assim como você, pois foi ensinado a ele que isso era o certo e ele simplesmente segue fazendo assim.
A boa notícia é que a odontologia já deu um passo à frente e já existe como solucionar situações como a sua.
Atenciosamente,
Marcelo Matos
Doutor,
Boa Noite, desde já agradeço a oportunidade que o senhor dá aos
pacientes para que possam tirar algumas dúvidas.
Faz dois anos que estou me tratando com um otorrino (Dr. Eduardo), por
causa de um zumbido no ouvido direito. Depois de um ano de tratamento,
este me encaminhou para um bucomaxilo (Dr. C. Assef) que me
diagnosticou como paciente com disjunção de ATM e disse que poderia
fazer a cirurgia ortognática se quisesse, mas deveria conversar com o
otorrino (devido trabalhar em local com ruído, este poderia ser a
causa do zumbido). Continuei o tratamento com o otorrino e percebi
melhora… O zumbido permaneceu estável.
Comecei a sentir um tipo de dor (e as vezes caloria) no ouvido no fim
do ano passado e consultei – me com um neurologista. Fiz o exame
otoneurologico completo, estava tudo normal; tomei anti-depressivo;
remedio para neugralgia e não houve melhora. Retornei a passar com o
bucomaxilo (Dr. C. Assef) que me indicou a cirurgia ortognática para a
solução das minhas dores, ele não pediu nenhum exame, disse que eu
deveria consultar um dentista e passar seu número de contato.
Dr. Marcelo essa noite acordei chorando de dor, estou com dúvida em
iniciar o processo… Colocar aparelho, racar 4 sisos, e talvez a
cirurgia não ser aprovada pelo convênio, ou talvez aprovada e seu
resultado ser “insatisfatório”. Gostaia de saber a opinião do senhor e
saber qual a diferença da cirurgia ortognática e da correção da
disjunção da ATM (sinto como se minha mandibula do lado direito fosse
maior e como se houvesse um osso a mais atrás da minha orelha).
Novamente agradeço a oportunidade, obrigado.
Olá Michel
O zumbido é realmente um dos mais difíceis sintomas de lidar, independente do que o causou.
Bom, mas quanto às dores, é importante verificar primeiro o que está acontecendo com a ATM antes de se decidir por uma cirurgia ortognática, até porque este é um procedimento que não trata a ATM em sí, mas sim alterações esqueléticas de proporção entre os maxilares.
Quando o assunto é dor e disfunção da ATM, as principais entidades mundiais (AACP, AAOP, dentre outras) são unânimes em afirmar que deve-se evitar ao máximo procedimentos irreversíveis como cirurgias e ortodontia, pois a probabilidade de não resolverem o problema é grande e o fato de serem irreversíveis é um agravante que pode complicar o resto da vida da pessoa. Veja esse relato aqui .
Há um tempo eu escrevi uma série de tópicos sobre cirurgia ortognática e ATM, talvez lhe ajude a compreender melhor o tema:
=> Cirurgia ortognática e disfunção da ATM
=> Quando a cirurgia da ATM falha
=> Cirurgia e disfunção da ATM
Quanto ao aparelho, isso vem da crença que todo problema da ATM vem da má oclusão (o encaixe inadequado dos dentes), então muitos dentistas que trabalham com correção dentária, como é o caso da ortodontia, crêem que pode solucionar o problema melhorando o alinhamento estético dentário. Como você está postando nesse tópico que é sobre as questões oclusais em relação a ATM, talvez fique mais fácil de perceber que o problema no alinhamento dentário é em sua maioria a consequência de uma doença na ATM e não a causa.
Como ortodontia também é um procedimento irreversível, vale as mesmas considerações feitas para a cirurgia.
Consulte outros profissionais para obter outros pontos de vista, antes de decidir por um procedimento irreversível.
Atenciosamente,
Marcelo Matos
Dr. gostaria de saber no caso da disfunção na ATM ter começado logo após a conclusão de um tratamento ortodôntico se isso indicaria uma probabilidade maior da causa ter sido a má oclusão final. E no caso da má oclusão comprovada resultado de um tratamento ortodôntico mal feito, com trauma de mordida nos incisivos, a única forma de corrigir a disfunção da ATM seria um novo tratamento ortodôntico que busque a posição de conforto? Má oclusão natural, dentes tortos por exemplo, é indicativo de DTM?
Muito obrigada desde já!
Carla
Essa relação entre a ortodontia e a disfunção da ATM é possível sim de acontecer, no entanto, qualquer ortodontista lhe dirá que os trabalhos científicos epidemiológicos atuais não apontam uma relação de causa e efeito entre DTM e uso de aparelho… Essa é uma discussão que não é de agora, que envolve muitas correntes de pensamento e é bastante polêmica dentro da odontologia.
Na prática, o que tenho visto com mais frequência é o problema já existir anteriormente mas não ser diagnósticado pelo dentista, por haver poucos sintomas ou estes estarem subclínicos, de modo que quando as dores aparecem (que são apenas parte dos sinais e sintomas) depois ou até durante a ortodontia, acaba-se associando uma coisa com a outra.
Seja como for, para resolver o problema, o importante é investigar os processos patológicos que estão por trás da DTM e tratar conforme for. Posteriormente, JÁ COM A ATM SAUDÁVEL é que pode ser feito uma nova ortodontia se ainda houver necessidades estéticas.
Atenciosamente,
Marcelo Matos
Dr. Passei no otorrino pela dor de ouvido e o mesmo informou que não era o ouvido e sim atm, estou tomando antibiotico e antiflamatorio, agora meus ouvidos estão fazando muito é comum isso?????
Não, não é muito comum…
Você já procurou um profissional da área de ATM?
Dr. e no caso de deslocamento do disco, qual o melhor procedimento?? Ja estou desesperada pois uso o aparelho fixo em cima e a a placa em baixo e nada de melhorar, ñ sei mais o que fazer pra curar isso ja ta me dando até dores no ouvido..
Olá Kariny!
O “deslocamento do disco” não é uma doença per si, mas sim a consequência de alguma coisa. Esse “alguma coisa” que é o diagnóstico que tantas vezes repito aqui no blog e na comunidade de patologia da ATM no Orkut.
Para saber qual o melhor tratamento para essa situação será necessário aprofundar nesse tipo de diagnóstico, ou seja, realizar uma avaliação fisiopatológica da ATM. A depender do motivo que levou o disco a se deslocar pode ser importante recolocar o disco no lugar ou não, aliás algumas vezes é até mesmo inviável fazer isso.
A melhor coisa a fazer é conversar com seu dentista e tirar todas as suas dúvidas. É importante saber também qual é exatamente o objetivo de cada elemento do tratamento como, por exemplo, o aparelho e a placa e como medir esses resultados. Se você se sentir confiante e segura com as informações siga o tratamento proposto e aguarde os resultados, caso contrário visite outros dentistas principalmente os que forem de linha de trabalho diferente que o que você tenha se consultado anteriormente, assim poderá ter diferentes pontos de vista.
Boa sorte,
Marcelo Matos
http://www.marcelomatos.com