Finalizando a série: >> É possível fechar o diagnóstico SEM os chamados “exames complementares”?
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- Sim, porque na anamnese e exame clínico as coisas podem estar claras e fechar o diagnóstico com base nos sinais e sintomas;
- Sim, pois assim como na medicina, há doenças que o diagnóstico é eminentemente clínico como, por exemplo, a fibromialgia.
- Sim, depende da experiência do profissional;
- Sim, pois nem todo paciente pode pagar por uma ressonância magnética ou uma tomografia e aí se pode diagnosticar e tratar com base no diagnóstico clínico.
E analisando a quarta resposta…
- O “sim” número quatro é o que menos me agrada… Primeiro que é altamente preconceituoso. Como o profissional vai saber quem pode ou não pagar por um exame? É quase como privar uma pessoa de um diagnóstico correto por sua condição financeira! Imagine você, leitor, entrando num consultório atrás de respostas para seus problemas de saúde e recebendo um sub-diagnóstico, apenas porque o dentista ou o médico achou que você não poderia pagar por um determinado exame… Realmente, não vejo com bons olhos esse critério. Além de tudo, esse argumento, é quase como uma concordância de que os estudos complementares são também fundamentais, pois carrega basicamente a seguinte mensagem subliminar: “É… Já que não posso fazer o melhor [com o diagnóstico correto] vou dar um jeitinho [sem os estudos necessários]” Seria até um comportamento válido numa situação de guerra ou caos social, quando não se pode fazer 100% e tem de se contentar com o pouco que for possível, mas não em um consultório particular e nem SUPONDO que o paciente seja incapaz de conseguir os exames necessários… Fique esperto!
Olá Dr, tudo bem?
Fui ao dentista recentemente por apresentar sintomas que me levaram a achar que tenho problemas na atm, ela me passou somente 2 exames uma radiografia panorâmica (topo) e um modelo para estudo,somente com esses dois exames, pode ser feito o diagnostico?
Att,
Lívia Brait
Lívia, depende do nível de diagnóstico a que se queira chegar e a linha de trabalho do dentista que você escolheu.
De um modo geral, como o nome já diz, a panorâmica é um exame para ter uma ideia do estado de saúde dos dentes e dos ossos maxilares. Não é especifico para a ATM, não permite ver as possíveis lesões em ligamentos e disco e mesmo as lesões ósseas da ATM, só são visualizadas quando já possuem um determinado “porte”.
Para algumas escolas de DTM (disfunção da ATM), o diagnóstico é feito basicamente com a anamnese (entrevista) e exame físico, sendo que o diagnóstico fica baseado nas características dos sinais e sintomas, dando pouca ênfase às imagens e às identificações de lesões estruturais.
Converse com seu dentista à respeito do processo de diagnóstico que ele(a) segue e como isso irá possivelmente lhe beneficiar e/ou afetar o plano de tratamento.
Atenciosamente,
Marcelo Matos
Muito obrigada pelos esclarecimentos, hj fui a um otorrino(pra falar sobre os zumbido no ouvido e tonturas),ele tb é cirurgião bucomaxilofacial ,e me passou um outro exame uma ressonancia de atm(bilateral).
Muito bom o seu blog
Att,
Lívia Brait
Boa noite colega,
Li seu texto e fiquei remoendo um pensamento que tenho, sou CTBMF, fiz residência no HCFMUSP e tive oportunidade de fazer estágio no grupo de dor orofacial do Dr. Siqueira. Falando em exames complementares, imagino que esteja se referindo a RM quando fala em exames caros, o que muda na conduta uma ressonância mostrando a posição do disco que você já pressupõe na clínica? Uma TC já acho válida como rotina para avaliar reabsorções, facetamentos, osteófitos e microcistos, assim como para a avaliação de sua progressão. Mas a RM fico me perguntando sobre sua valia clínica. Você tem alguma referencia sobre a EMG em musculatura mastigatória e PMR para eu me atualizar? Será que não seria mais indicado realizar esse controle EMG somente em casos refratários à PMR bem indicadas? Obrigado e parabéns pelo blog!
Olá colega Rafael, seja bem vindo aqui no blog!
Entendo bem sua dúvida quando você pergunta : “o que muda na conduta uma ressonância mostrando a posição do disco que você já pressupõe na clínica?”
Perceba que esse questionamento ocorre porque se pressupõe que a condição de “disco deslocado” seja sempre igual. No entanto, pense nas seguintes perguntas: um disco deslocado por um traumatismo é igual a um que tenha ocorrido por lesões de origem auto-imune? Um disco deslocado que possui ligamentos distendidos é igual a um que tenha os ligamentos rompidos? Um disco que além de deslocado possui degeneração tecidual é igual a um que esteja deslocado mas morfologicamente íntegro?
Classicamente, se pensava que os deslocamentos de disco não possuíam maiores diferenças entre si e, logo, sem mudança no diagnóstico ou na terapêutica não seria necessário uma ressonância. Mas atualmente se sabe que cada uma destas situações requer uma abordagem própria, pois a evolução clínica de cada uma dessas situações são diferentes entre si.
Fiz uma postagem sobre isso, dê uma lida aqui: Deslocamento de disco são sempre iguais?
At.te,
Marcelo Matos
Gostaria de saber que remedio eu posso tomar para aliviar a dor da ATM,muito obrigada
Rosário: http://www.patologiadaatm.com.br/dor-na-atm-tome-um-remedio-que-passa/
Nunca me pedirão exame nenhum!!
Eu até daria um jeito de pagar se ele me pedisse,pelo menos ele teria certeza do que eu realmente tenho nessa atm.
Gostaria de saber qto custa mais ou menos uma ressonancia.
Dr. o Senhor conheçe algum profissional bemmm capacitado que cuide dessa parte de atm e dor orofacial aqui no interior de SP???
Marcela
Infelizmente não conheço pessoalmente o trabalho dos colegas dentistas de São Paulo. Sei que há muitos que são especialistas em ATM e alguns são bem renomados no meio odontológico, assim posso até lhe indicar, mas tenha em mente que não seguem a mesma linha de trabalho que eu, nem tenho como saber se irão abordar seu caso. Assim, sugiro que entre em contato com o Dr. Tanganeli que talvez possa lhe ajudar ou, ao menos, indicar alguém que possa.
Atenciosamente,
Marcelo Matos
Tenho problema de ATM e meu caso,eu acho que já esta grave. Estou com muitos sintomas tenho muita dor de cabeça,dor na nuca,na coluna,dor de ouvido,desloco o maxisilar.Não tenho plano de saúde,mais estou fazendo os exame pelo sus.Já fiz tomografia,não conseguir fazer a ressonâcia.Porque estava com muita dor de ouvido e dor de cabeça.Mais o ortodotista mim passou
para fazer uma citilografia da ATM,mais fui da entrada no sus mais não sei o codigo.Pode mim ajudar,em mim formar o codigo.Gostaria de saber Doutor Marcelo Matos.Se você é daqui de salvador,se for mim passe o seu endereço.Eu estou fazendo meus tratamentos no CENO( Centro de estudos ondontológicos).Mim passe o seu endereço e seu tel.Muito grato
Olá Patrícia
Sim, sou de Salvador e o telefone da clínica é (71) 3248-4434
Atenciosamente,
Marcelo Matos
Ok. Concordo plenamente em não agir de forma egoísta e, conforme precipitadas conclusões, dar um subdiagnóstico para o paciente e submetê-lo a um subtratamento. Mas a questão é, tendo-se CERTEZA das condições financeiras precárias do paciente, o que faço? Sou profissional formado há pouco em odontologia e ainda não peguei casos de disfunção da ATM , mas penso muito a respeito… e leio sobre, pois sei que um dia, embora eu não seja especialista na área, atenderei um paciente em situação similar. A primeira coisa que me vem na cabeça quando lembro de casos assim é na confecção de placas miorelaxantes (baseada talvez em falhos princípios gnatológicos). Como clínico- geral… encaminho este paciente para um especialista… realizar uma eletromiografia, ressonÂncia magnética etc… e caso ele não tenha condições financeiras (somente após ter certeza disso) mando-o embora? isso é o que me deixa triste.. pois a meu ver, é a atitude mais sensata a se tomar, em um país onde há a plena possibilidade de não acesso aos melhores recursos frente a casos em que é PRECISO o diagnóstico COMPLETO da artropatia ou seja lá o que for…
Eduardo
São colocações bastante pertinentes as suas! Realmente não é uma situação simples de lidar. Aqui em Salvador, alguns pacientes conseguem as ressonâncias pelo SUS e também conseguimos viabilizar tratamentos a custos mais baixos para eles. Além disso, coordeno o curso de Mini Residência Clínica em Patologia da ATM, conseguimos disponibilizar o tratamento para mais algumas pessoas. Entretanto e infelizmente, não há (ou pelo menos eu não tenho como) fazer isso em larga escala. Isto seria papel das políticas públicas de saúde e sei que é muito difícil a gente conviver com essa realidade.
Atenciosamente,
Marcelo Matos