É comum no dia a dia dos profissionais que lidam com prótese, cirurgia, ortodontia, ortopedia funcional dos maxilares, estética e reabilitação oral em geral, se depararem com situações onde o paciente além de precisar do tratamento dentário, possuem um quadro patológico da ATM que dificulta a estabilização dos resultados.
Por exemplo, um paciente chega ao consultório do cirurgião bucomaxilofacial com retrognatismo e mordida aberta anterior à procura de uma correção cirúrgica, mas o profissional se depara com uma osteoartrose na ATM com deslocamento de disco sem redução, que podem comprometer o procedimento. O que fazer para evitar que a mordida aberta recidive após o tratamento? O que deve ser considerado para estabilizar o quadro?
E o paciente ortodôntico que não consegue usar os elásticos por causa do agravamento da dor?
E as próteses que fraturam mesmo com os melhores e mais resistentes materiais? Será que devemos culpar uma parafunção ou o bruxismo do sono?
Atualmente é possível rastrear a conexão entre esses fenômenos e o estado de saúde/doença da ATM, verificar a possibilidade de reverter a situação, minimizar os danos (quando não dá para reverter) e, felizmente, é possível obter resultados clínicos muito bons!
Recentemente, em Salvador, foi realizado o 25º Simpósio Internacional de Disfunção e Patologia da ATM, onde durante dois dias essas questões e, muitas outras, foram abordades e muitos casos clínicos foram apresentados para ilustrar as variadas situações. Além disso, toda a fundamentação científica foi apresentada de modo a trazer para a prática diária, os recursos mais avançados disponíveis.
Aos colegas dentistas que se interessam em conhecer essa abordagem, convido a participar ficar atento ao blog do Ge-JAL, onde sempre anunciamos os eventos e cursos do grupo.
Grande abraço a todos!
Olá, Dr. Marcelo…
Gostaria de saber se o tratamento de disfunção na ATM para pacientes com bruxismo, e para todos os casos no geral, ainda estão sendo desenvolvidos, se é incerto, se se tem obtido bons resultados com os tratamentos que existem hoje.
Porque tenho lido/ouvido relatos de tantos casos de tratamentos que não deram certo. E isso muitas vezes faz com que a pessoa desista de procurar tratamentos e passe a conviver com a dor.
Eu estou há 4 meses fazendo tratamento e confesso que estou meio cética em relação aos resultados. Fiz fisioterapia e agora estou usando a placa oclusal. Sei que o fato de eu ter bruxismo agrava minha situação, já que independente de eu tratar ou não a disfunção na ATM, toda noite estarei forçando minha mandíbula, por isso sempre quando acordo parece que o tratamento é inútil. Acho meu dentista bom, um dos melhores nessa área na minha cidade, mas tenho a impressão de que mesmo ele que é bem especializado em disfunções na ATM, não parece tão certo que o tratamento irá funcionar.
Eu sei que a disfunção na ATM é uma coisa e os problemas que agravam isso são outra, mas existem estudos específicos para esses problemas que agravam, como o bruxismo? E gostaria de saber se há algum artigo seu que fale sobre bruxismo, não achei nenhum.
Aguardo a resposta.
Obrigada. Parabéns pelo blog, muito legal da sua parte!
*estudos específicos, no sentido de existirem tratamentos que não só tratem a disfunção da ATM, mas que impeçam que o bruxismo, por exemplo, continue agravando isso. Porque se não existirem, será como o senhor falou, o especialista colocará a culpa não no tratamento ineficaz da disfunção da ATM, mas no bruxismo. De que adianta tratar a ATM, se a pessoa continuará com bruxismo ou qualquer outro problema que cause lesões na ATM. Eu sei que a medicina e a odontologia são divididas em áreas especifícas e os especialistas se atêm a cuidar apenas do problema que está na área dele, mas isso só faz com que as pessoas gastem mais dinheiro e percam a esperança de melhorarem.
Sei que o senhor falou que é possível perceber a conexão entre fenômenos e obter resultados clínicos bons, mas a grande parte dos especialistas não se interessam nesses outros fenômenos. E não acho que isso seja culpa deles, mas é justamente porque talvez não haja especialização para estudar conexões de fenômenos com a disfunção da ATM. E quem acaba perdendo são os pacientes.
Luiza
Entendo sua frustração e a sua ansiedade por uma solução. Realmente algumas áreas da medicina e da odontologia são bem complicadas nesse sentido. Assim, vamos ver se consigo te ajudar por partes:
– Algumas vezes, as disfunções da ATM podem se tornar realmente difíceis de serem tratadas. Mas felizmente esses casos são minoria. Se com você está acontecendo isso, então é hora de rever o diagnóstico e os objetivos do tratamento.
– O bruxismo pode realmente complicar as coisas, mas há muitas pesquisas recentes a esse respeito que podem ajudar em seu caso. Por exemplo, é preciso diferenciar se o seu bruxismo 1) está associado aos distúrbios do sono, 2) se é de origem no sistema nervoso central, ou 3) se está associado a uma artropatia temporomandibular.
No primeiro caso, aí é preciso entrar com o tratamento do distúrbio do sono que se faça necessário, no segundo, o tratamento é paliativo em termos de dispositivo para proteger os dentes e medicamentoso e o terceiro, que é o que tenho mais experiência clínica, basta conseguir restabelecer a saúde e o alinhamento biomecânico da ATM que o bruxismo fica controlado.
Assim, são dois passos que você precisa fazer, o primeiro é rever o diagnóstico da ATM e o segundo entender o tipo de bruxismo que você tem.
Boa sorte em sua caminhada!
Att.,
Marcelo Matos
Obrigada por responder!
Vou seguir suas dicas.
Luiza