Essa postagem é fruto de uma discussão em um grupo de DTM e Dor Orofacial no Facebook, composto basicamente de profissionais da área, dentre dentistas, fisioterapeutas, médicos e fonoaudiólogos.
Há muito tempo que escuto críticas e ataques de colegas, justamente por participar de uma escola com linha de trabalho que tem demonstrado que não dá mais para seguir repetindo velhos conceitos e acreditando que as disfunções da ATM são apenas um conjunto de sinais e sintomas, com tratamento limitado ao aspecto paliativo. Hoje o desenvolvimento da ciência no campo da neurofisiologia, patologia, imunogenética, infectologia e biomecânica já nos permite um nível de tratamento que vai além da melhora da dor e da qualidade de vida, pois torna possível restabelecer a saúde da ATM. Claro, isso só é possível em função de um diagnóstico diferencial que permita saber em quais casos isso é possível ou não. Transcrevo abaixo o mesmo conteúdo (com algumas pequenas modificações) que eu postei em tal discussão.
O tempo dos “contos da carochinha” já acabou e a ciência já está mostrando o caminho da verdade. A própria resolução do conselho da AADR (American Academy for Dentistry Research), publicada no Journal of American Dental Association é bem clara quanto ao diagnóstico diferencial, onde deixa explícito que deve ser feito baseado na anamnese, exame clínico e também nos exames de imagem, testes de laboratório e outros recursos, quando necessário, para a diferenciação de processos patológicos da mesma forma que a medicina utiliza para a avaliação de condições ortopédicas, reumáticas e desordens neurológicas similares.
Segue o link: http://jada.ada.org/content/141/9/1086.long
- “Apertamento dentário, bruxismo, etc (…) são comuns e não há provas científicas que sejam causa de DTM (…)” e complementam confirmando o que todos sabem que embora não sejam CAUSA, “(…) estão associados e pode ser um fator contribuinte”
- “(…)Até à data, ainda não foi estabelecido se a depressão ou ansiedade está presente antes do início de DTM e contribui para a sua causa, ou se a dor crónica associada com DTM leva à ansiedade e à depressão.”
E em seguida dedica um trecho imenso ao que eles chamam de “Comprehensive TMD evaluation” ou simplesmente AVALIAÇÃO ABRANGENTE DA DTM onde aborda as IMAGENS, com uma página inteira dedicada à tomografia e à ressonância magnética e informa que pode ainda ser necessário biópsias, exames de sangue, de urina, testes neurológicos e injeções de diagnóstico.E mais, diferencia as DTM das “doenças da ATM”, que é o que eu e meu grupo costumamos chamar de artropatia temporomandibular ou como falamos mais frequentemente PATOLOGIA ATM!!!
Já estamos há 13 anos decorridos do século XXI, os profissionais à frente das entidades que estão entre as mais seguidas aqui no Brasil já estão mudando suas diretrizes. Assim, por melhor que tenha sido (e continue sendo) a contribuição deles, por quê seguir olhando para trás? Por quê seguir com pautas do século passado, para ser mais exato, de 30 anos atrás?
Neste momento da ciência temos uma série de avanços no campo da tecnologia, com recursos como a ressonância magnética, tomografia, mapeamento genético, conhecimentos mais aprofundados de neurofisiologia, biologia molecular, etc. Não dá mais para seguir com as mesmas e velhas pautas (embora, tenham importância histórica na construção do conhecimento). É por isso que essas entidades estão mudando e tomando uma direção que os fatos, leia-se, as publicações que eu trouxe aqui, dão razão à escola do prof. Jorge A. Learreta, a qual faço parte, mostrando que já estamos na dianteira e na vanguarda dessa nova realidade há algum tempo!!!
Olá dr marcelo!
Tem anos que faço tratamento de atm , pois sinto dor no ouvido , cansaço na face , dor de cabeça, irritação, dor no futuro do do olho.
Uso placa que n melhora em nada só faz doer mais.será que o meu caso seria cirúrgico?ficariam grata pela sua resposta!
Neyla, como está sendo medido o efeito biológico da placa?
Pergunto porque às vezes acontece realmente de se instalar um dispositivo intra-oral e piorar, sendo que quando isso acontece é preciso verificar se:
– a placa está piorando a hipoatividade muscular;
– a placa está mantendo uma posição biomecanicamente inapropriada entre as estruturas internas como, por exemplo, o disco e o côndilo;
– a placa está mantendo uma posição neurologicamente inapropriada, ou seja, uma uma posição que é nociceptiva (irritativa);
Esta última situação é comum quando o paciente possui alterações metabólicas e/ou endocrinológicas que impedem uma obtenção de uma posição de “conforto” (neurofisiológica) da mandíbula.
Nessas situações é bom rever o processo de diagnóstico para checar se “passou” alguma coisa.
Atenciosamente,
Marcelo Matos
Olá Dr.Marcelo, há uns 20 dias estou sentindo dores horríveis na mandíbula, dentes, ouvido lado direito. Isso começou a ocorrer depois que tomei uma anestesia para substituir uma restauração, já li a respeito de trigêmeo, parestesia etc…, até encontrar o seu sobre orofacial. O que o senhor acha qual o melhor caminho que devo seguir?, atualmente tomo comprimidos para dores ibuprofeno recomendado pelo dentista, ameniza, mas a dor não passa, de vez em quando ela some para voltar com mais intensidade.nesse intervalo já tratei de canal de 2 dentes bons que nada apresentavam para ver se a dor sumia, mas não adiantou.O Senhor teria uma indicação, qual profissional devo procurar? desde já agradeço a atenção.
Wilma
Wilma, a primeira coisa é saber de onde vem essa dor e quais são as características dela, pois pode ser por conta da anestesia ou de outra coisa. Qual é a sua cidade?
Atenciosamente,
Marcelo Matos
Novo site: DTMnuncaMAIS.com.br
Prezado Dr. Marcelo!
Estou lendo e achei fantasticas as suas colocações! Parabens pela iniciativa em mudar conceitos antigos e clarear o diagnostico bem como direcionar o tratamento. Gostaria de uma indicação de um colega seu aqui no RS. Atenciosamente,
Olá Mônica, fico feliz que tenha gostado do blog!
No RS você pode procurar a Dra. Lídia Yavich e Dr. Luis Daniel Matos em Porto Alegre. Os contatos são:
Fones: 55(51) 3332-2124; 55(51) 3061-2237;
E-mail: contato@clinicamy.com.br
Atenciosamente,
Marcelo Matos
Grata pelo seu retorno!
Dr. Marcelo há um ano tenho sofrido com muitas dores no ouvido, mandíbula. língua e boca em geral (no lado direito). Vários médicos que consultei não encontraram nenhuma explicação para esta sintomatologia. Continuo sofrendo muito e sem trabalhar. Podes me indicar um especialista em ATM em Belém e/ou Recife?
Agradeço de antemão.
Graça
Maria das Graças, infelizmente não tenho quem indicar nas cidades que você mencionou. Quanto aos teus sintomas, observe que a dor na língua não é típico de DTM e pode indicar algum tipo de comprometimento neurológico. Procure um neurologista para avaliar isso.
Atenciosamente,
Marcelo Matos
[…] Por razões como esta, é que desde os tempos de faculdade que já sabia que isso não poderia ser assim e, próximo de me formar (formei em 2002), li um artigo de um dos grandes embaixadores dessa teoria, Charles Greene, que assume oficialmente as falhas da teoria em seu artigo The etiology of temporomandibular disorders: implications for treatment. J Orofac Pain. 2001 Spring;15(2):93-105. Não é à toa que recentemente, o modelo de diagnóstico seguido lá nos EUA começa a exibir uma tentativa de se aproximar do já e… […]
Belo texto, meu amigo. (como sempre) Podemos discordar de alguns pts de vista e concordar em outros, mas sua capacidade é inquestionável. Gde abço e sucesso!
Fala meu caro! Valeu, grande abraço!
At.te,
Marcelo Matos