Qual a Causa da DTM? Artropatia e Patologia da ATM

Em vários posts deste Portal utilizamos o termo Artropatia da ATM. Assim, percebemos a necessidade de falar um pouco sobre o assunto. É fundamental conhecer mais a definição de artropatia da ATM, o que é e quais os seus fatores etiológicos mais comuns, ou seja, suas causas, sua origem.

Uma Artropatia é uma doença das articulações. A definição de artropatia no Dicionário Português é “qualquer afecção ou doença de uma articulação”. Essa articulação tanto pode ser fibrosa, cartilaginosa ou sinovial. Aqui em específico estaremos falando da Articulação Temporomandibular (ATM), uma articulação do tipo sinovial, pois possui uma cavidade articular repleta de líquido sinovial com objetivo de lubrificar a articulação permitindo que as superfícies deslizem entre si.

As artropatias (doenças das articulações) podem envolver tanto os elementos ósseos, estruturas dos tecidos moles ou ambos da articulação, causando alterações reversíveis ou mesmo irreversíveis. Também podem ser provenientes desde fatores oclusais e/ou traumáticos, até lesões sistêmicas que podem afetar toda articulação do nosso corpo.

Mas qual a relação de uma artropatia da ATM e uma DTM (disfunção temporomandibular)? A disfunção temporomandibular é um sinal de que a articulação não está funcionando corretamente. E como já relatado em outro post deste Portal, a DTM não é diagnóstico em si, mas apenas um sinal importante que indica que há uma artopatia da ATM presente e que precisa ser identificada com o diagnóstico preciso. Por isso que não faz muito sentido dizer que existe algo como DTM Muscular e DTM Articular, quando o que se está por trás é uma artropatia que produz como sintomas dores que podem ser articular ou muscular. É necessário então saber qual é a origem, a causa da artropatia presente, durante a investigação diagnóstica, para se iniciar um tratamento específico e eficaz.

Causas mais comuns das doenças na articulação temporomandibulara

Abaixo eu listo alguns dos fatores etiológicos (causas ou origens) mais comuns das artropatias da ATM:

1. Artropatia de origem Traumática: Os traumas podem ser classificados em locais, à distância, diretos e indiretos. As seqüelas pós-traumáticas na articulação representam o fator etiológico mais comum.

Exemplo de trauma direto: pancadas na mandíbula, ou golpes direto no queixo. Indireto: movimentos bruscos da mandíbula, em acidentes automobilísticos. Podendo não apresentar sintomas por vários anos, tornando difícil a associação do trauma às dores recentes. Em muitos casos o paciente nem se lembra do trauma, somente quando vai comentar com os familiares é que podem trazer à memória a lembrança, ou alguns acabam negando o fato por não querer recordar (violações). A variação dos pontos de aplicação da força e o grau de intensidade da mesma produz vetores de força em diferentes sentidos, com diferentes seqüelas.

2. Artropatia de origem Infecciosa: O mau funcionamento articular ocorre em pacientes que registram antecedentes de processos infecciosos crônicos, ou infecção que tenha provocado danos na ATM. Os microorganismos mais detectados são os Estreptococos B-hemolíticos, Staphilococcus aureus, Bacilo de Koch, Clamídias, entre outros. Estas afecções são comuns, podendo estar associadas a traumatismos de diferentes intensidades. A dor nem sempre está presente, possivelmente pela inervação deficiente da região.

3. Artropatia de origem Sistêmica: As patologias sistêmicas que repercutem na ATM – que denominamos auto-imune – mais comuns são: Artrite reumatóide, Artrite crônica Juvenil, Artrite psorítica, Lupus, Gota, Artrite degenerativa, Artrose.

4. Artropatia de origem Oclusal: Os fatores oclusais podem, em muitos casos, produzirem alterações intra-articulares, mas a instabilidade oclusal pode também ser conseqüência de processos degenerativos da articulação e não seu fator etiológico.

5. Artropatia de origem Neoplásica: Significa que há um tumor (independente de ser maligno ou benigno) afetando o funcionamento articular.

Diagnóstico e Tratamento da ATM

Para definir qual o fator etiológico, ou seja, a causa que está afetando sua articulação, é necessário um diagnóstico preciso, pois, o fator causal pode ocorrer individual, simultâneo, ou um levar a outro.

Para um diagnóstico preciso, diferencial, é fundamental uma investigação dos sinais e sintomas, a realização de uma anmnese, exames complementares e laboratoriais. Por exemplo, o uso do exame de ressonância magnética é fundamental para uma investigação diagnóstica precisa, visto que é o único exame que nos permite ver de modo direto o disco articular e os ligamentos da ATM.

Pense comigo da seguinte maneira: já pensou se todos os problemas emocionais fossem tratados como depressão? Ou se todos os problemas cardíacos fossem tratados como hipertensão? Ou se todas as doenças causadas por vírus (seja Zika, seja Dengue, Sarampo, ou mesmo Hepatite e HIV) fossem tratadas como uma mera… virose?

Faz sentido tratar um grupo de doenças de origens diferentes de modo generalizado ou igual? Não faz. Então… por que faria sentido ignorar as causas da artropatia da ATM para tratar todas como se fossem uma coisa só?

Para um tratamento com sucesso, o diagnóstico correto é imprescindível!

E se tiver qualquer dúvida sobre o tema, comente abaixo. Tanto eu como toda a equipe do Portal Patologia da ATM encontra-se sempre a disposição para tirar todas as suas dúvidas.