ionto 1NÃO!!!

Essa é uma informação falsa!

Mas sim! O método existe. Só não foi desenvolvido pela USP…

Essa foi uma notícia veiculada em sites na Internet, como este aqui.

O método em questão é a iontoforese, uma técnica que utiliza um circuito fechado de corrente elétrica de baixa amperagem para fazer certos medicamentos atravessarem a pele ou a mucosa da boca, sem ter que usar agulhas.

O problema é que a matéria coloca a USP como a desenvolvedora de uma versão odontológica da técnica e os pesquisadores como sendo grandes inovadores, como se vê a seguir:
Materia 1

Mas será?

Como eu já afirmei, isso está errado. É um absurdo pois, basta acessar a PubMed,  para ver que existem nada mais nada menos que 223 publicações de iontoforese na odontologia:
PubMed 1Para quem não conhece, a PubMed é a Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos e base do Instituto Nacional de Saúde americano sendo a maior indexadora de bancos de dados científicos do mundo com mais de 25milhões de citações. Simplesmente qualquer acadêmico de odontologia acessa a PubMed para fazer sua monografia de conclusão de curso. Não dá para acreditar que pesquisadores da USP não viram que já havia uma VERSÃO ODONTOLÓGICA DA IONTOFORESE desde, pelo menos, 1974!!!

ionto 2

Só o Dr. Louis Gangarosa, professor de biologia e farmacologia da faculdade de odontologia da Universidade da Geórgia, nos EUA, publicou entre 1974 e 1994 um total de nove trabalhos científicos explorando o uso da iontoforese além da “anestesia sem agulha”como, por exemplo, no tratamento da hipersensibilidade dentinária, no auxílio ao tratamento de doenças periodontais,  na maior efetividade de aplicação do flúor, dentre outras coisas.

De 1995 a 2004, o Dr. J.S. DuPont, explorou o uso da iontoforese na área da DTM e dor orofacial. Na foto abaixo, estou com uma cópia do trabalho original de DuPont:

ionto 3

Eu uso a iontoforese desde 2009! O prof. Learreta,  com quem aprendi a técnica, usa há  bem mais tempo e eu já soube de pessoas aqui do Brasil que usavam também  há bastante tempo.

Anestesia

Bloqueio anestésico via iontoforese para diagnóstico diferencial de dor orofacial – arquivo pessoal Dr. Marcelo Matos

 

Portanto, a USP não é pioneira na técnica odontológica da iontoforese!

Infelizmente, esta não é a primeira vez que vejo entidades e pessoas tentando “reinventar a roda” sem fazer jus a quem realmente tem mérito ou, no mínimo, respeitando a história.

A única coisa que os pesquisadores brasileiros da USP estão realmente “desenvolvendo” (ou tentando desenvolver) é um melhor veículo, uma espécie de hidrogel, que facilite ainda mais a penetração da medicação, potencializando a técnica que JÁ EXISTE. O trabalho dos brasileiros pode ser acessado aqui.